sábado, 8 de janeiro de 2011

... em cima de um (o) cerro maior: vislumbre de um Alentejo


"Cerromaior" de Manuel da Fonseca (n. Santiago do Cacém 1911 - m. Lisboa 1993), é uma paleta de cores, infelizmente negros e pesados tons, de um Alentejo rural matizado pela exploração, pelo desalento, pela miséria. A trama desta obra, de Manuel da Fonseca, tem a sua génese, na relação existente entre Senhores e Camponeses. Por um lado temos nos primeiros a riqueza, o poder, a ganância por conquista de um maior quinhão de força. Por outro lado e os verdadeiros heróis desta obra, os trabalhadores dos campos, ceifeiros, pobres, miseráveis, suando muito por cada pão, por cada exíguo pão. Manuel da Fonseca, escritor cimeiro do neo-realismo português (e infelizmente um pouco esquecido) retrata de forma sublime todos estes ambiente, intercalados o retrato de uma sala de estar, em que uma menina aprende francês e toca piano, mas também a caracterização pungente de uma casa, pobre, muito pobre onde muitos são os filhos e pouco é o pão, para tantos, e o desempero, de impotencia perante aquela vida, que não será de todo alterada, uma vida de choro onde no entanto não há tempo sequer para chorar. Onde nem sequer se pode ter uma opnião contra quem ordena, mesmo que deles faças parte, em um ambiente represivo, denso. À imagem do que se passava na época, este é um retrato do Alentejo, mas que nele se expressa todo um país esmagado pelo medo, pela repressão, por um regime dictatorial, que marcou a ferro e fogo todo um país. (voltando à obra) Todo este retrato de injustiça social, tendo sob pano de fundo o Alentejo, o horizonte dourado sob a aragem que o enfeitiça, num horizonte distante (leia-se também em "horizonte" também "esperança") de um Alentejo perdido, onde um céu pesado o sufoca e o esmaga, um céu feito de homens daqueles que ordenam, vis.

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